Mulher
Mulher fonte de vida, portadora de milagres,
Ventre fervilhando de vida, mãe de todas as criaturas.
Mulher ser sublime que recebe semente e a transformarem vida,
Amamenta e cuida o futuro da espécie.
Mulher… mãe… cuidadora… fonte de amor.
Mulher ser quase divino … anjo na terra.
Ser que protege arriscando a própria vida.
Mulher… flor delicada que merece ser bem tratada,
Respeitada, acarinhada… muito amada.
Mulher nunca devia ser maltratada… usada … humilhada.
Homem… filho de mulher… por ela acarinhado,
Nunca deveria esquecer que também teve mãe.
Bendito o homem que toda a mulher respeita,
Ama, acarinhar e trata como igual.
Bendito o homem que ama, estima e partilha.
Homem e Mulher devem caminhar lado a lado.
No lar, no trabalho, nos sonhos e na luta.
Nas derrotas e nos sucessos.
Homem? … Mulher?
Não ser humano de iguais obrigações e direitos.
Mulher senhora de todos os dias,
Que todos os dias sejam:
FELIZ DIA DA MULHER.
Fortunata Fialho

Depois…
Depois.
Depois… o passado não volta a acontecer,
Depois será tarde de mais,
Agora o dinheiro não abunda, temos de esperar.
Depois a saúde pode não deixar.
Depois será sempre tarde de mais.
As estradas da vida não nos permitem retroceder,
Sempre que o tentamos mudam de destino.
Eu já tentei e não reconheci o caminho.
A paisagem mudou, os passos perderam-se,
E o passado não encontrei.
Depois nada volta a ser já e o tempo já passou.
Depois nunca será o momento certo,
O hoje é que necessita ser vivido,
Depois será sempre o momento errado.
Hoje vou aproveitar o momento presente,
Depois logo verei o que me traz.
Depois… não quero deixar mais nada para depois.
Quero viver intensamente este tempo presente.
Somar momentos inesquecíveis,
Beijos e abraços apertados,
Risos e brilhos de olhares cheios de esperança,
Momentos de amor ardente e ecos de risos de crianças.
Depois será amanhã, mas… será nosso esse amanhã?
Fortunata Fialho

Um convite aceite dos nossos amigos brasileiros.
Quando eu morrer
Quando eu morrer…
Quando para mim os dias se findarem não me quero esconder na terra,
A terra será prisão aterradora sem grades.
Quero transformar-me em pó e voar com o vento.
A minha alma será liberdade que não se encerra.
Mergulhar nas águas e viajar nas ondas do mar.
Mergulhar bem fundo pois de ar não preciso.
Subir aos céus e, como nuvem chorar lágrimas de dor e saudade.
Saudade do que sonhei e nunca alcancei.
Como o sol, quero irradiar felicidade e amor.
Quero viajar sem conhecer fronteiras,
Percorrer cada canto como se fosse só meu.
Dar infinitas voltas ao mundo sem que impeçam.
Quando eu morrer quero quebrar todos os muros,
Desatar todas as amarras e…
Tansformar todos os meus sonhos em realidade.
Quando eu morrer quero que o vento me conduza,
Que no seu sopro faça as minhas vontades,
Que me mime como se joia rara me tratasse.
Quando eu morrer não quero ser fim…
Quero ser começo… continuidade…
Quando eu morrer… se eu morrer… quero continuar a viver.
Fortunata Fialho

Orgulhosamente Professora.
Sim, tenho orgulho em ser Professora! Orgulho e, ao mesmo tempo desilusão.
Quando escolhi esta profissão tinha uma carreira digna pela frente, autorização para ensinar e exigir respeito.
O tempo e os sucessivos governos traíram-me a mim e a todos os professores, bloquearam-nos as progressões e retiraram-nos tempo de serviço que se recusam a devolver. Enterraram-nos em burocracia e papelada. Aumentaram as horas de trabalho direto nas escolas e encolheram-nos as horas de preparação de materiais e aulas. Exigiram-nos trabalho em troco de desconsideração e humilhação.
Pedem-nos mais e mais trabalho em troca de nada e, nós para não prejudicar os alunos fazemos, não sabemos como conseguimos mas fazemos.
Cansados de esperar por consideração por parte do nosso ministério e de esperar por respeito e bom senso, decidimos contestar. Ninguém nos ouviu e passamos a contestar e a manifestarmo-nos usando os meios que a lei nos concede.
Juntamo-nos, gritamos palavras de ordem e, publicamente exigimos aquilo a que temos direito… nada mais do que aquilo a que temos direito.
A grande maioria dos pais apoiam a nossa luta pela preservação da escola pública e da sua qualidade. A estes o nosso muito obrigado pelo carinho e apoio.
Porém, outros acusam-nos de sermos um grupo de ingratos, que nos juntamos à porta dos estabelecimentos de ensino como se estivéssemos em festa e só nos faltasse os copinhos de bebidas alcoólicas. Não sei se preferiam que nos sentássemos no chão de mãos estendidas pedindo esmolas ou fazendo o papel de carpideiras para terem penas de nós.
Infelizmente esquecem todas as vezes em que confortamos os seus filhos e lhes secamos as lágrimas, lhes damos o carinho e atenção que os pais não têm tempo para dar. Esquecem o tempo extra nas escolas a tomar conta dos filhos para que eles possam trabalhar.
Esquecem que nós também somos pais e que, para dar carinho e atenção aos seus, nos falta o tempo para os nossos. Sim, porque nós também temos família.
Os nossos governantes que nos deviam de proteger e apoiar negam-nos os nossos direitos, dizem que somos insensatos e ambiciosos. Segundo eles, não há dinheiro para nós. Não há dinheiro para nós mas há aos milhões para os bancos, para a TAP… e para cobrir as incompetências daqueles que os não sabem administrar e enchem os bolsos com o nosso dinheiro. Não há dinheiro para nós mas há para pagar salários e indemnizações milionárias a tantos outros.
Nunca quisemos ser mais do que ninguém, só queremos o que é nosso de direito. Queremos a devolução do tempo de serviço, poder progredir justamente na carreira sem que nos baixem os resultados das avaliações por causa de cotas absurdas, podermos aproximarmo-nos da nossa família e deixar de ser nómadas de escola em escola, ter remunerações condignas… poder aposentarmo-nos com saúde suficiente para sermos felizes e aproveitar o descanso a que temos direito.
Desculpem este meu desabafo se vos ofendeu em alguma coisa.
Obrigado a todos aqueles que estão ao nosso lado, nos compreendem e nos apoiam.
Ministério da Educação, não nos abandonem, reconheçam o nosso valor e negoceiem proactivamente. Devolvam-nos aquilo a que temos direito e não se esqueçam que sem nós professores não teriam chegado onde chegaram. Se sabem ler e escrever a um professor o devem e que só tiveram percurso académico porque existem professores. Acarinhem quem vos acarinhou durante tanto tempo.
Orgulhosamente Professora: Fortunata Fialho

Sono.
Sono.
Na penumbra da noite pestanejam os olhos.
Na tentativa vã em se abrirem, movem-se as pestanas.
As pálpebras pesam toneladas e perdem a elasticidade.
Mãos diligentes esfregam os olhos na tentativa de os despertar.
A escuridão avança lenta e firmemente,
A claridade esbate-se e a luz teima em se esconder.
Sombras tapam a visão e cegam a realidade.
Os instintos sobrepõem-se e a realidade…
O sono venceu e os sonhos surgem.
Agora sou criança e brinco na rua
Chove lá fora e espreito pela porta, a chuva que não para.
O gato ronrona e acaricia o meu corpinho.
Envolvo-o nos meus braços e aninho-o no meu colo.
As rolas arrulham lá fora… talvez a pedir à chuva que pare.
Pelo chão corre um rio de águas cristalinas.
A casa é um barco e as sereias cantam para mim.
As ondas embalam o meu soninho…
E eu durmo embalada nos braços de Orfeu.
O sono cansou-se e os olhos abrem-se,
A realidade impõe-se e o trabalho chama.
Sono amigo volta, preciso que tornes a envolver-me em magia.
Embala-me no teu regaço e não me deixes crescer.
Fortunata Fialho

Incoerências
Incoerências
Todos os dias dizemos ser iguais a nós próprios,
Mas acabamos por acompanhar os outros.
Lutamos para não sermos mais um cordeiro no rebanho,
Mas seguimos em formação obedientemente.
Queremos mudar mentalidades,
E seguimos lideres como crianças inocentes.
Pela diferença, investimos esforço tamanho,
Mas na hora de vestir queremos estar na moda.
Dizemos ser a ovelha negra e…
Simplesmente mudamos de rebanho.
Queremos preservar o planeta
Mas ferimo-lo a todo o momento.
Queremos um mundo limpo sem poluição,
Mas compramos mais carros e combustíveis fósseis.
Gritamos por paz, amor… respeito,
Mas construímos armas… gritamos com o condutor ao lado…
Desrespeitamos e magoados aqueles que connosco coabitam.
Traímos e não queremos ser traídos,
Ofendemos e não queremos ser ofendidos.
Que mundo este em que continuamos a crer sem fazer?
Pobres incoerentes que nós somos!
Fortunata Fialho

Um Natal pleno de amor e um 2023 pleno de paz entre os povos.
Desejo…
Para todos, Festas Felizes.
Que o Natal nos traga paz e união,
Que as lutas terminem e os povos se unam,
Que as mãos se unam a outras mãos,
Que não sobre ninguém nesta corrente continua.
Se sobrarem mãos que seja para acarinhar…
Ou para limpar de cada rostinho as lágrimas.
Que em todas as casas impere o amor,
Que pelos caminhos se caminhe sem medo.
Que pelo ar ecoem gargalhadas felizes de crianças.
Que o Novo Ano seja de viragem,
Que as armas se calem para sempre,
Que as vozes iradas se tornem melódicas.
Que de cada boca só saiam palavras de amor.
Que cada homem esqueça o ódio.
Que cada povo se una e reconstrua.
Que em cada recanto se descubra um amigo.
Que os inimigos não deixem de existir
Na sua eterna luta pela paz e amor.
Que cada inimigo seja um amigo nesta luta,
Nesta luta pela felicidade e fraternidade.
Que se rolagem lágrimas sejam de felicidade.
Que este Novo Ano seja o primeiro de uma eterna paz e harmonia.
Fortunata Fialho

Tempo
Tempo
Temos todo o tempo do mundo mas, vivemos com falta de tempo.
O tempo corre atrás de nós e… nós, simplesmente o perdemos.
Que mais fazemos desta vida além de perseguimos o tempo?
Ou será que é o tempo que nos persegue sem o entendermos?
Na soma inclemente dos dias vamos perdendo momentos,
Pedaços do nosso tempo numa pressa sem sentido.
E o tempo foge, ou falta conforme o seu capricho.
Por vezes matamos o tempo como se não interessasse,
De seguida a falta de tempo deixa-nos aflitos.
Que é o tempo afinal?
Como pode ser tanto ou tão pouco conforme nos sentimos?
Por vezes o tempo nunca mais passa…
Mas olhamos para trás e ele passou veloz como o vento.
Os dias seguem lentos e indolentes…
Que coisa estranha, a vida passou e perdemos tanto tempo.
Como medir este tempo tão lento e tão veloz?
Como pode um segundo durar mais que uma hora?
E uma hora parecer um pequeno segundo?
Neste tempo sinto-me perdida…
Ao tempo peço que não me deixe.
Tenho tão pouco tempo… ainda resta tanto tempo…
Odeio-te pela rapidez com que foges!
Querido tempo… meu companheiro de vida.
Fortunata Fialho

Depois de algum tempo sem escrever, dedico este poema à minha irmã. Muitos parabéns mana.
Gritam aos quatro ventos que são superiores, que são mais inteligentes.
Agridem, criticam, ofendem e … falam de amor.
Constroem máquinas de guerra. Como as usam é indiferente.
Manipulam os povos, incitam ao ódio e… falam de amor.
Em vez de carinho entregam balas,
Em vez de pão semeiam fome e dor.
Pelos campos, outrora em flor, predominam trincheiras e valas.
A terra, outrora verde, pintam-na de sangue e corpos.
Debitam discursos de desprezo e ódio… e falam de amor.
Ostentam riqueza e desprezam o pobre,
Humilham os que labutam pela vida,
Fecham-lhes as portas porque o trabalho os suja.
Olham-nos de cima com ar de superioridade… e falam de amor.
Enfeitam os rostinhos inocentes com lágrimas de sangue,
Matam os idosos de fome, frio e esquecimento.
Explodem casas, lares de outros como eles… e falam de amor.
Pregam aos deuses e as suas religiões…
Mas matam adoradores de outros deuses porque não são seus.
E falam de amor com o ódio na alma e gelo no peito.
Riem do desespero e pisam os caídos.
Amam o dinheiro, o poder e a fama.
Mas… falam de amor.
Fortunata Fialho
