Hoje tomei conhecimento de uma crítica, inédita, por parte de um encarregado de educação: ‘’A professora é uma querida e os alunos adoram-na, só deveria ser mais dura e dar a matéria mais rápido’’ . Depois de já ter sido considerada tanta coisa menos agradável por parte de alguns pais esta deixou-me sem palavras, nem sei que conclusão tirar e estou a tentar perceber se a crítica é boa ou terá algo escondido. Como é bom alimentar o ego e estes miúdos são, eles sim, uns queridos, vou acreditar que é positiva. Oxalá não me venha a arrepender.   

Há alguns anos disseram, na minha cara, que o filho não estudava por não gostar de mim. Logo eu era a culpada. A condição para um aluno estudar é gostar do professor e os professores têm de fazer tudo o possível e imaginário para os alunos gostarem dele, não interessa ser profissional e tentar dar o seu melhor, tem é de ser um porreiraço e fazer tudo o que os alunos querem assim eles vão gostar e os pais ficam contentes.

Na primeira aula, um dos miúdos entra na sala a sangrar de uma mão. Momentos depois entram dois funcionários e uma pergunta: ‘‘Desculpe professora mas precisamos de saber. Quem partiu o vidro?’’ Depois de uma breve troca de olhares entre mim e o aluno este assume com a maior das facilidades que foi ele: ‘’Dei uma porrada no vidro para chamar a atenção lá em baixo e o vidro partiu-se’’. Depois de ver tantos a recusarem assumir culpas semelhantes, finalmente um tomou uma atitude digna e assumiu as consequências.

Noutra aula, depois de uma chamada de atenção a uma aluna mal comportada, a mesma em tom provocador fez-me a seguinte pergunta: Sabe quem é o senhor …? É o meu pai. Eu, vendo a intenção, respondi: Sabes quem é o senhor …? É o meu pai. E depois? A tentativa de intimidação com a figura paterna falhou. Talvez a sua atitude seja reflexo da atitude do referido adulto! Haja paciência, querem lá ver que agora tenho de conhecer os respetivos pais e, ainda por cima, para os temer. Devem ser os bichos-papão dos professores…

Fortunata Fialho

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