😢 Mãe! 😢

Depois de muito tempo de sofrimento, mesmo sabendo que as coisas só poderiam piorar, uma nova entrada no hospital. Num hospital completamente lotado só teve lugar de internamento num miserável corredor, onde ficou a aguardar cama disponível.

Perante o meu olhar de preocupação e para me confortar, disse-me:

– Não te preocupes, ainda cá vou estar muito tempo. Vais ver, ainda vou criar os outros netos.

Procurando forças onde já não existiam, voltei a fingir que acreditava e enfeitei o rosto com um fingido sorriso de otimismo. Ultimamente tinha fingido tanto e dito tantas mentiras de incentivo! Nunca pensei que fosse tão fácil mentir por amor!

No dia seguinte não fui à primeira visita pois, muita da família iria estar presente e ela estava muito fraca. Na hora de visita seguinte, eu e meu esposo, pegámos nos nossos filhos e fomos vê-la. Ao acercar-mo-nos da cama, infelizmente ainda no corredor, uma máquina apitava loucamente e o pessoal clínico corria em volta da mesma. Sem eu perceber porquê, uma dor imensa invadiu o meu peito, e fiquei observando imóvel, nenhum se movia.

Sem qualquer sensibilidade um dos médicos olhou para nós e disse para nos retirarmos que aquilo não era nenhum espetáculo e, o meu esposo indignado só conseguiu dizer que era a minha mãe.

Já não acordou, o seu sofrimento tinha chegado ao fim.

Alguém, para me consolar, disse qualquer coisa como: foi a vontade de Deus.

Fraco consolo. Que Deus é este que permitiu que eu levasse os meus filhos, tão novos, a assistir á morte da avó que tanto amavam? Que Deus é este que permite a alguém terminar os seus dias num corredor de hospital? Que Deus é este que me levou a minha mãe ainda tão jovem?

Que dor… é imensa e… não passa.

 

Fortunata Fialho.

 

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Imagem retirada da internet.

Filho.

Moreninho, rechonchudo e de cabelo muito curtinho, um bebé grande e muito pacifico.

Depois de uns intensos e duros, três dias e meio, uma cesariana de urgência.

O teu nascimento em nada foi fácil mas para te ter a meu lado voltaria a passar pelo mesmo.

Meu primeiro filho… meu primeiro milagre… minha primeira obra de arte…

Pedaço de mim que nunca poderei abandonar e que eternamente vou amar.

Hoje, também pai, creio que me compreendes mais do que nunca.

O amor por um filho é infinito e indescritível.

Muitos parabéns pelo teu aniversário e que a felicidade nunca te abandone.

Que a vida nunca nos afaste e que por muitos mais anos te possa dizer que te amo.

Muitos parabéns e um mundo cheio de sonhos realizados.

 

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Meus dois pedaços de mim… meus dois amores incondicionais…

 

 

Eu professora…

Eu, professora, me confesso…

Desiludida com aqueles que nos deviam apoiar, afinal nós formamos pessoas que mais tarde se irão transformar em profissionais que vão ter outras pessoas a seu cargo…

Roubada em mais de nove anos da minha carreira e sem esperança que o produto do roubo me seja devolvido…

Cansada de lutar contra toda uma sociedade que nos condena e que parece ter esquecido os professores que lhe forneceram as ferramentas para se desenvolverem…

Mal paga, esquecida, desprezada e, por vezes, ofendida enquanto me esforço por fazer um bom trabalho…

Ouvir falar de nós professores com desprezo e acusações injustas.

Atolada em burocracias e mudanças de regras quase todos os anos letivos…

Farta de me deslocar, eternamente, de cidade para poder trabalhar. Ver todos os meus dias de trabalho serem acrescidos em quase duas horas para viagens, e eu nem sou das que se encontra pior.

Terrivelmente revoltada por não me darem aquilo de que tenho direito: poder chegar ao topo da carreira, teria de trabalhar até ao fim dos meus tempos e ser aquela velhinha caquética e senil que não dá uma para a caixa.

Confessaria muito mais coisas mas o rol já vai grande e depressivo e… eu não quero ser mais deprimida.

 

Fortunata Fialho

 

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Só quero que sejam felizes.

Sou mãe e, como todas as mães, só quero que os meus filhos sejam felizes. Mesmo que escolham caminhos que eu não escolheria para eles e me custe aceitar, vou aceitar se isso lhes trouxer  felicidade. A função de uma mãe é aceitar as pessoas que trouxe ao mundo com todos os seus defeitos e qualidades. Errar é humano e todos nós erramos, corrigir e tentar melhorar é a nossa obrigação.

Qual foi a mãe que nunca repreendeu um filho e depois chorou?

Qual foi a mãe que nunca tentou evitar que os filhos errassem?

Eu sou isto tudo e muito mais, tento ser justa e erro muita vez, tento educar e falho demasiado… De uma coisa nunca me poderão acusar, falta de amor e dedicação.

Eu quero tanto que eles sejam felizes… só quero que sejam felizes…

 

Fortunata Fialho

 

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Amor incondicional…

 

Uma gentileza de: tocaafalardisso.blogspot.com. A entrevista para divulgação de Conexões Atlânticas Portugal-Brasil

DEZ PERGUNTAS A… FORTUNATA FIALHO

Agradecemos à autora FORTUNATA FIALHO a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como se define enquanto autora e pessoa?

Como pessoa considero que sou simples, curiosa por conhecimento, amiga da minha família e dos meus amigos. Adoro ler, o meu esposo diz que nem que eu viva muitos mais anos vou conseguir ler tudo o que vou comprando.

Como romântica que sou, gosto de escrever o que me vai na alma. A escrita dá-me a possibilidade de viver diversas vidas, ter a idade que quiser e viajar a lugares inalcançáveis. Na escrita eu sou mais eu sem tabus ou condicionamentos.

Quando preciso de um psicólogo, o que na minha profissão é frequente pois sou professora, escrevo tudo o que me incomoda e, assim consigo encontrar novamente o meu equilíbrio emocional.

2 – O que a inspira?

O que me inspira é algo que não consigo definir pois escrevo se estou triste mas também escrevo se estou alegre, escrevo para descrever algo que me deixou encantada mas também escrevo sobre algo que me revolta. Dizendo de uma forma sucinta, escrevo por tudo e por nada, escrevo porque escrever me deixa feliz.

3 – Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Sim, lamentavelmente existem, como fui educada a não dizer palavrões escrevê-los também se torna muito difícil. Estou a testar-me com a escrita de um texto erótico e muitas vezes tenho de parar e pensar muito bem para que não se torne pornográfico, detestaria que o resultado fosse esse. Enfim, é uma questão de educação e não uma crítica negativa a quem o faz.

Talvez com o tempo esse tabu deixe de existir e depois logo se vê…

4 – Que importância dá às antologias e colectâneas?

Gosto de participar pois faz com que eu me continue a desafiar e ao mesmo tempo dá-me a possibilidade de conhecer mais pessoas que como eu gostam de escrever.

5 – Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Sirvo-me das redes sociais para dar a conhecer o meu trabalho e procuro ter contacto com outros que como eu gostam de escrever e/ou ler. Através delas tenho tido a oportunidade de conhecer pessoas com uma criatividade enorme e todos os dias encontro algumas surpresas agradáveis. Tenho o meu blog (escreversonhar.wordpress.com) ligado às minhas redes assim consigo mostrar o meu trabalho a um leque superior de pessoas.

6 – Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Pontos positivos? Todos. Quem não lê tem uma visão muito restrita do mundo que nos rodeia e, muitas das vezes, é fácil de influenciar, além disso a escrita também nos proporciona sonhos e fantasias.

Pontos negativos? A dificuldade em um escritor desconhecido publicar o seu trabalho. Infelizmente se não tiver dinheiro isso torna-se quase impossível.

7 – O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Tenho muita dificuldade em responder, eu tento divulgar o meu trabalho nas minhas redes sociais e participar em alguns projetos juntamente com outros escritores como eu.

8 – Quais os projectos para o futuro?

Continuar a escrever e, quem sabe, voltar a publicar. Tenho alguns projetos em desenvolvimento tanto na prosa como na poesia.

9 – Sugira um autor e um livro!

Ui, que difícil! Saramago em O Evangelho Segundo Jesus Cristo. José Rodrigues dos Santos em O Anjo branco…

10 – Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Conseguia viver sem sonhar? Responderia que não, seria um pouco como morrer.

Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link

Publicada por Manu à(s) 10:00

👩 Serei o que quiser. 👩

Eu serei aquilo que eu quiser!

Sou mulher e não deixo que isso me prejudique.

Alguém ousou dizer na minha cara que o lugar da mulher é na cozinha.

Concordei e acrescentei na sala, no quarto, no jardim…

No trabalho, no carro, no ginásio, no avião…

O meu lugar é onde eu quiser, sou dona de mim.

Longe vai o tempo em que ser mulher era prisão.

Ter filhos e cuidar da família, era a única ambição.

A única ambição que lhe era permitida.

Fada do lar… mãe exemplar… mulher submissa.

Comer e calar… ouvir e engolir…

Eu não preciso de depender de ninguém.

Sei pensar por mim e quero evoluir.

Sou mulher trabalhadora, dona de casa, mãe… sonhadora.

Mulher lutadora que se recusa a cruzar os braços

O mundo também é meu e vou conquistá-lo.

Mulher que se recusa a envelhecer,

Uma mente jovem seja em que idade for.

Sou mulher e… serei o que eu quiser.

 

Fortunata Fialho

 

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Imagem retirada da internet

Cansada…

Neste momento estou tão cansada, lutar pelo que é nosso de direito não é fácil.

Sou professora e todos sabem que estamos em luta e esta luta já vem desde a primeira semana deste mês.

Estamos desgastados mas não pensamos sequer em desistir. Não queremos dinheiro, ao contrário do que muita gente diz ou pensa, sabemos que será impossível pagarem- nos os retroactivos de mais de nove anos. Apenas queremos os anos de serviço que nos são devidos para a progressão na carreira.

Todos estes anos tivemos os salários congelados e nem sequer pudemos progredir na carreira, apesar de ser-mos avaliados todos os anos ao contrário do que vos fizeram pensar.

Primeiro disseram que era por poucos anos e esses anos foram-se prolongando. Aceitamos e resignámo-nos, mas sempre na esperança de que pelo menos o tempo de serviço nos fosse devolvido e agora, depois de terem dito que sim, recusam devolvê-lo.

Nós nem pedimos tudo de uma vez, pedimos sim a negociação das parcelas necessárias.

Dizem que somos muitos mas só somos muitos porque somos necessários, que somos demais e no entanto continuam a faltar tantos professores todos os anos. Se somos demasiados então porque têm as turmas tantos alunos?  Porque temos que considerar como componente não lectiva tantas horas que passamos com os alunos?

Estou, ou melhor, estamos de ser considerados os maus da fita, os ingratos e os culpados de tudo. Merecemos o mesmo respeito que qualquer outra classe. Afinal qual o deputado, médico , juiz, advogado, … ou até o trabalhador menos qualificado passou sem professores?

Parece que se esqueceram de que para aprender a ler, escrever e contar, todos tiveram um professor.

Sou professora e orgulho- me do que faço, só lamento não ser tratada com a dignidade e o respeito que mereço. Sempre tentei ajudar os meus alunos, dei o melhor de mim, respeitei quem me rodeia e nunca tirei nada que não fosse meu.

Agora, juntamente com os meus colegas, estamos em luta exaustos mas firmes. Só queremos o que nos é devido, não pretendemos tirar nada de ninguém.

 

Fortunata Fialho

 

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😐Dúvidas!

Alguém me disse que a minha escrita não era assim tão boa. Ouvir isto doeu, doeu muito.
Não tenho a pretensão de que sou uma grande escritora mas, bem cá no fundo, acho que não sou assim tão má. Quando escrevo não tenciono ser como ninguém, só preciso de ser eu própria e é isso que coloco naquilo que escrevo.

Quando escrevo deixo as palavras fluírem sem pensar muito, deixo que o sentimento mande e permito-me sonhar. Gosto de sonhar, se deixar de o fazer será um pouco como envelhecer e deixar que a morte me encontre mais depressa. Sonhando tenho a idade que quero e que sinto.

Os anos podem passar, e já passaram muitos, mas isso não vai impedir-me de voar quando me apetecer, nadar mesmo nadando pouco, correr mesmo quando o corpo se cansa, viver em mundos mágicos mesmo sendo irreais…

Talvez a minha escrita não seja tão boa assim mas eu sou feliz quando escrevo.

 

E vocês o que acham? E já agora porque escrevem também?

 

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Um gesto lindo.

 

💆 Introspeção. 💆

Outro dia perguntaram-me como é que uma professora de matemática se deixou envolver pela escrita. Existe, na população em geral, o estereotipo de que os números e a escrita não costumam andar de mãos dadas.
Talvez eu não seja a típica professora de matemática! Pelo menos eu gosto de pensar que sim. É claro que gosto da minha área de ensino mas também gosto de literatura, poesia, história, arqueologia, natureza, animais, plantas…

Vivo a vida comum de uma trabalhadora que ao mesmo tempo é esposa, mãe, dona de casa e até já avó. Os dias de todos nós, professores, são muito desgastantes e muitos de nós recorrem a um psicólogo. Eu, pelo contrário, recorro à minha escrita e, por isso alguma revela tristeza ou/e revolta. O facto é que quando estou feliz também escrevo e invento personagens.
Quando estou cansada recorro a um bom livro e descontraio. Não tenho um escritor nem género preferido apesar de gostar mais de uns do que de outros. Tanto leio um bom romance como uma ficção cientifica, um policial, um triller e até um divertido livro infantil. Uma boa banda desenhada também me delicia.

Quando escrevo transporto-me para mundos diferentes e vivo outras vidas. Perco, um pouco, a noção da realidade e sonho.

Quando escrevo sou feliz e livre.

E vocês? Que vos faz escrever? Como se sentem sempre que criam uma personagem?

 

Fortunata Fialho

 

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Grutas de Mira d’Aires – Serra de Aires – Portugal. Um passeio a dois 💕.

👪 Crescer no meio de livros…

Hoje, por sugestão de uma amiga, decidi falar um pouco sobre mim. Não das obras que publiquei nem nos projetos em que participei mas da pessoa que eu sou.

Cresci numa família de leitores. O meu pai tinha obtido, à noite o equivalente ao atual secundário, para efeitos de trabalho, frequentou a primária na altura adequada e já possuía a quarta classe. A minha mãe só frequentou a escola durante um ou dois meses, teve de a abandonar para ajudar os pais a cuidar dos irmãos. Nesse tempo a educação escolar não era muito importante e, então para as mulheres ainda menos. Já eu andava na escola quando obteve o equivalente, para efeito de trabalho, à quarta classe. Mesmo sem saber quase nada toda a vida a vi a ler literatura de cordel, as publicações mais elaboradas requeriam mais do que a sua boa vontade.

Tenho muito orgulho dos meus pais, sempre foram pessoas lutadoras e honestas que sempre tentaram melhorar. Foram eles que me forneceram as bases para ser quem sou.

Crescendo no meio de livros de todo o tipo sempre fui uma leitora ávida, tanto lia os livros da minha mãe como os do meu pai, não descurando todos os que eram meus.

Para nós os livros eram uns amigos que se deviam ler, reler e tratar com muito cuidado, não se podiam estragar.

Com tanto que ler por perto não é de admirar que o bichinho da escrita se tenha vindo a instalar. Agora tenho sempre um livro a ser lido e muitos em lista de espera e, ao mesmo tempo vou escrevendo tudo o que me passa pela cabeça e a testando novas formas de escrita.

 

Fortunata Fialho

 

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Moinho de Canais – Mértola