Ser ou… não ser.

Ser ou … não ser

Ser sempre, talvez nem sempre seja possível,

Não ser, não é hipótese viável.

Ser como todos, é algo a evitar pois não somos todos iguais.

Não sermos nós próprios não é aceitável.

Se somos, todos nos invejam ou acusam.

Se não somos, deveríamos tentar ser.

Afinal o que pretendem que sejamos?

Afinal o que é ser? E não ser?

Ser é sermos verdadeiros, sinceros, solidários…

Não ser um objeto manipulado, mas sim em evolução,

Ser proactivo, dinâmico e empático.

Não ser o quê?

Não ser egoísta, invejoso, mesquinho e maldoso.

Não sermos o que cada um quer para nós,

Não ondularmos ao sabor da opinião alheia,

Ser fieis aos nossos princípios,

Ouvir os outros mas interpretar e pensar por nós.

Somos seres inteligentes… pensantes… evolutivos,

Não folhas em branco nas mãos de inconsequentes.

Para mim ser é sentir com o coração e falar com a alma,

Respeitar os outros sem nos esquecermos de nós,

Seguir o nosso caminho sem pisar ninguém.

Talvez não saiba o que é ser, mas…

Sei muito bem o que não quero ser.

Serei eu própria e não como um outro alguém.

No entanto… afinal que quero ser?

Fortunata Fialho

O dia em que tudo ficou azul.

escreversonhar

Podem
não acreditar mas foi verdade, verdadinha.

Ontem
choveu todo o dia e eu e a minha mana não pudemos brincar na rua.

Como
nos apetecia ir brincar de esconde-esconde!

Quando
a mamã nos mandou para a cama e nos deu um beijo de boas noites disse: sonhos
azuis. Eu sorri e sonhei que brincava em castelos encantados sobre nuvens
azuis.

Acordei
cedo e quis ver se chovia, espreitei pela janela e o céu estava todo azulinho.
Boa podemos brincar na rua!

Corri
para o quarto da minha mana e acordei-a.


Vamos brincar lá para fora.

Comemos
à pressa e abrimos a porta.

Um
pássaro azul pousou na nossa árvore. Estranho a árvore também era azul e estava
cheiinha de laranjas azuis, iahc não deviam saber lá muito bem. Abelhas azuis
pousavam nas flores azuis, engraçado ontem eram de muitas cores. Uma borboleta
azul pousou no cabelo da mana.

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Preguiça

escreversonhar

Preguiça

Dizem que a preguiça morreu de sede com o focinho dentro de água,

Coitada… de preguiça nem sequer abriu a boca para beber.

A preguiça é a pior conselheira… com preguiça não se formou.

Nunca construiu nada novo… infelizmente dava muito trabalho.

Nunca cozinhou… ligar o fogão implicava o braço erguer.

Não tomou banho pois esfregar-se era muito laborioso.

Esperou a chuva para se limpar… e alguma sujidade a chuva levou.

A preguiça nunca se arranjou pois despir o pijama lhe era penoso.

Pobre preguiça, nunca casou, para responder sim tinha que falar.

O desgraçado do pretendente cansou-se de esperar e…

Outro alguém decidiu procurar.

Um dia decidiu viajar… ao primeiro passo tombou,

O esforço era tão hercúleo que logo desistiu.

Preguiça nunca brincou. Um dia tentou e abrir a porta logo a cansou.

Pensou em chamar algum amigo… não tinha nenhum.

A casa nunca limpou pois só pensar…

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Folhas caídas

escreversonhar

Pelos campos o inverno avança sorrateiramente.

As árvores protegem-se largando as suas folhas.

Privadas do seu alimento, as folhas caiem

Tristes perderam a sua cor… secaram.

No chão um tapete castanho de folhas caídas.

Um tapete castanho de beleza perdida.

Folhas caídas jazem sem vida,

Tombaram inertes num descanso eterno.

Passeio sofrido acariciado pelo frio.

O vento chega e olha-as com pena.

Recolhe-as nos seus braços e eleva-as.

Projeta-as para longe fazendo-as voar.

Como asas de pássaros agitam-se,

Parecem reviver… voando contentes.

Cruzam os ares, viajam sem rumo.

Docemente pousam inertes

Desfazem-se em mil pedaços.

Folhas caídas… alimentam a terra.

Alimentam as sementes…

Na primavera renascerão novamente.

Fortunata Fialho

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Quero ser…

Quero ser…

Quero ser fogo e incendiar ao mínimo toque teu.

Quero ser chama que ilumina a noite escura e, se reflete no teu olhar.

Quero ser o reflexo de dois amantes abraçados.

Quero ser o brilho de um sorriso teu,

O desejo refletido no teu olhar,

A sucessão dos teus dias, lentos… tranquilos….

Caminhando em busca do infinito inalcançável.

Quero ser amor que cresce de forma exponencial,

Amor crescente… profundo… delicado…

Amor ardente.

Quero ser o mundo e acolher toda a gente.

Mar temperamental e apaixonado,

Riacho tranquilo e lutador, que se agiganta…

Cresce e corre em busca do mar que ama.

Quero ser uma simples gota de água que sobe aos céus

E cai alegremente sobre um campo verdejante.

Quer ser flor singela e bela crescendo

Num campo verde brilhante… húmido…

Enfeitado por um colar de diamantes de orvalho.

Quero ser gargalhada na boca de uma criança.

Pura, cristalina, inocente e plena de esperança.

Quero ser ingénua, sonhadora, pura e transparente.

Sonhar o impossível, lutar pelo futuro…

Agarrar a vida… afastar a morte.

Quero viver eternamente…

Nem que seja na lembrança das gentes.

Quero ser uma estrela brilhante…

Mesmo que perca o brilho em cada amanhecer.

Quero ser palavra que se transmite

No imaginário de algum livro em cada estante.

Fortunata Fialho

“Poesia Colorida”

Prefácio

Antes de mais é uma honra e um privilegio ter sido convidado a ler esta obra em primeira mão, esta obra, em que mais do que pintar a poesia (Poesia Colorida) a autora Fortunata Fialho, professora de sua profissão, nos mostra como pintar a vida, a que vemos e que sentimos. Ler esta obra poética, mais que olhar o mundo pelo olhar do autor, é despir-se de emoções e ideias preconcebidas, é estar aberto a novos olhares, a novas cores, é estar disposto a contemplar a alvura da noite, pelo olhar de um cego. Ler poesia é saber pintar na alma com novos pinceis, outras paisagens.

Pensei varias vezes em seguir um padrão habitual, cronológico, mas como um livro de poesia não deve ser lido, mas ir-se lendo, permiti-me deambular pelas paisagens habilmente pintadas pela autora, e deixar-me surpreender pela beleza, pela analogia, pelas metáforas, e eis que me deparo com um poema que me transporta dali, numa clara associação de pensamentos dou por mim a lembrar São Francisco de Assis, tudo é tao perfeitamente simples quando amamos o que é natural, com a naturalidade de estar grato pelo dom da vida:

“Obrigado ao sol por nascer todos os dias,

Obrigado à noite que me aconchega.

Obrigado ao vento que me acaricia,

Obrigado à água que me refresca.

Ao amor que me completa um obrigado apaixonado,”

Nesta obra a autora além de pintar paisagens como o seu Alentejo, Fortunata Fialho pinta essencialmente sentimentos, estados de alma, pinta as gentes, a dor e a terra:

“Onde cada porta se abre a quem vier por bem.

Terra de brandos costumes e corações imensos,

Onde com abraços, pão e vinho se acolhem as gentes.

Alentejo, terra linda, de gentes tranquilas e amáveis.”

Na sua poética muito centrada na observação do mundo, no sentir que se abre na translucidez da alma onde as cores se misturam com as palavras, onde a outrora faz da alva folha tela de sentires em cores do arco-íris, levando o leitor ao êxtase do sonho, ali diante dele, numa realidade nua, onde os astros me imiscuem no peito:

“Um mundo colorido com laivos de carinho,

Vermelho de luz, amarelo de sol,

Azul como a doçura líquida da água.

Verde como os campos renascidos,

Preto… coberto de estrelas,

Prateado como os reflexos da lua,

Ternurento como as mãos rosadas de uma criança.”

Passamos pelo tempo, com um amigo, este amigo que nos fala, ler um livro de poesia é travar uma íntima discussão connosco mesmos, é um monologo interior segundo a nossa vivencia e conhecimento, e nisso a autora também nos acorda para realidade, chama a nós a vida, os problemas reais que existem ali, bem ali diante de nós, como a discriminação, como a exploração, a violência domestica e suas consequências:

“O povo criticou, hostilizou e disse, “ Desenvergonhadas”

Elas fingiram não ouvir e continuaram.

Os homens assustaram-se e tentaram pará-las.

Então um disse, “ Ganharam o meu respeito”

E a ele outros se juntaram e novamente coabitaram.”

Nesta paleta de cores não conseguimos dissociar a poesia da realidade, dos sentimentos profundos, da arte de sentir, da essência da vida, e nisso a autora quebra tabus linguísticos, escrevendo com todas as cores a arte de amar e do prazer:

“Amávamos fisicamente sem tabus.

Lembro todos os suores lavados das nossas peles,

De todos os orgasmos partilhados,

Das palavras abafadas pelo som da água corrente.”

É por tudo isto e por todas as cores que estou grato, que mormente agradeço o enorme privilégio de ter lido e continuar a ler esta obra poética, parabéns Fortunata Fialho, este não é mais um livro de poesia, mas sim uma tela onde com palavras simples pintaste a vida.

Alberto Cuddel

E agora?

E agora?

O Tempo passa e nunca regressa,

Rodopia e desliza sem nunca recuar.

E agora como recupero o meu tempo perdido?

Chamo baixinho e ele não volta,

Grito desesperada e ele não ouve.

Entre soluços suplico desesperadamente.

Porque não me ouves Tempo Perdido?

Por favor regressa com o Tempo Presente,

Convidem o Tempo Futuro.

E agora como recupero felicidades perdidas,

Momentos esquecidos ao longo de ti tempo?

Dores leva-as o Tempo, e eu agradeço acredita.

Já a Felicidade… devolve-me a que levaste,

Junta-as às presentes e às futuras e deixa que as guarde.

Deixa que as guarde em cofre seguro,

Não as lances ao vento forte, irado… inclemente.

Na sua fúria vai quebra-las em mil pedaços.

E agora como recupero todo o meu tempo?

Não deixes que continue a fugir de mim.

Volta Tempo e devolve o meu tempo,

Não quero ficar sem tempo para viver… amar… sonhar,

Rir desalmadamente, dançar sem complexos,

Abraçar, beijar… ser felicidade, futuro e paz.

E agora Tempo?

Fortunata Fialho

“A soma dos nossos dias”

Prefácio

Escrever um prefacio antes de mais é ter o privilégio de estudar uma obra que irá conhecer a luz do dia, que irá ser lida e estudada por todos quantos o desejarem, ler este registo da autora Fortunata Fialho é redescobrir a mulher a profissional da educação além da sensibilidade poética que já conhecia.

“A soma dos nossos dias” ou Diário de um ano lectivo como eu gosto de lhe chamar, mais que um relato de vida, é um livro de questões, uma obra de exorcismo da alma da autora, uma necessidade de partilha. Mais do que meros relatos do seu dia a dia a autora Fortunata Fialho convida-nos e chega mesmo a incitar-nos a uma profunda reflexão sobre que educação damos às nossas crianças, que mundo estamos colectivamente a criar.

Uma das coisas mais interessantes que a autora nos revela neste seu relato é o paralelismo entre as aulas e as viagens de carro, quase numa correspondência ainda que inadvertida entre o comportamento dos jovens na escola e a agressividade dos adultos na estrada. Mostra-nos também o desgaste físico e mental da vida de um profissional da educação, as suas dúvidas, as suas incertezas, as suas carências, às vezes mesmo o desespero da impotência de não se poder fazer melhor.

Ao longo deste livro as preocupações da professora mudam, muda o estado do tempo, muda o estado emocional dos alunos, a Primavera é anunciada não pelos pássaros ou pelo mudança de temperatura mas pelo namorico dos alunos, a violência abranda, o interesse dos alunos começa a subir um pouco, as aulas deixam de ser tão penosas, o trabalho de avaliação aumenta muito o tempo que se rouba à família.

Este livro é também ponteado por algumas situações de bom humor, uma delas mesmo quase no final, e numa situação séria e de enorme responsabilidade fez-me dar uma enorme gargalhada.

“Resumindo, nós devemos de ser seres excepcionais com os quais ninguém se mete, os super-heróis da correcção dos exames. Connosco a segurança é máxima, não precisamos de ajuda. E viva nós os correctores, só espero que ninguém se lembre de nos obrigar a vestir umas cuecas em cima de uns colãs como o super-homem. Se isso acontecer os ginásios vão ser invadidos por professores.”

Em resumo este livro “A soma dos nossos dias” é uma enorme pergunta, uma reflexão a ser feita por todos os educadores desta sociedade, o que e quem queremos ter amanhã? Que podem mais fazer estes enormes heróis que são os professores como formadores de homens e mulheres? Como os devemos apoiar?

Mais do que nos dar respostas a autora Fortunata Fialho deixa-nos muitíssimo bem e cheios de perguntas.

Um livro a ser lido e entendido na realidade de hoje, um livro a ser lido para edificar o amanhã.

Parabéns Fortunata fialho e um enorme obrigado pela honra que me destes ao ler este teu trabalho.

Alberto Cuddel

“Abraços de Palavras”

Prefácio

Antes de mais honra-me mormente o convite e o privilégio de prefaciar o livro “Abraço de palavras” da poetisa Fortunata Fialho, tanto mais que conheço bem as suas duas anteriores obras, onde a poeta homenageia o colorido da poética!

 “A poesia devia encorajar o pensamento e apelar para a reflexão: nada melhor que o prazer do crítico quando, depois de um minuto de dissecação da composição, percebe, primeiro, que é poesia e não prosa, segundo, após um grande esforço, após um profundo exame, que é rimado e não branco. Tais belezas poéticas, serão, no entanto, visíveis só ao crítico experimentado, porque o homem de gosto poético comum é muitas vezes, quando chamado a criticar um poema, colocado numa situação indesejável.”

Ensaio sobre Poética – Professor Trochee (heterónimo de Fernando Pessoa)

Percorrer estes “Abraços de Palavras” é ser abraçado pela singeleza de uma carta que nos fala, que nos convida constantemente á reflexão interior de quem somos, a poética não é somente o deslumbramento assoberbado da beleza utópica, mas uma viagem interior às memorias mais simples, aos cheiros de infância, às memórias da adolescência, às dores e sofrimento de mulher e mãe.

Há neste livro que irão folhear um instinto de sobrevivência, um medo que nos faz avançar, há duvidas e certezas, há perguntas sem resposta, há dor e sorrisos, neste livro há poesia, essa beleza no conjugar as palavras simples com as cores do querer, há na poesia da Fortunata Fialho, um acto de fé, um acreditar sem restrições.

Não irei dissertar longamente sobre as motivações poéticas da autora, mas numa leitura mais atenta a cada um dos abraços que inspiram a autora, vamos percebendo que o mundo que a rodeia é poesia no seu estado mais puro, uma simples janela que quebra o silêncio do dia, o nascimento do sol rasgando a noite, as grades do corpo que a aprisionam, o sofrimento contido no acto de ser mulher, mais que abraço, este livro de poesia é também um grito de desassossego, uma revolta sem medo, sem contemplações pela busca da afectividade, por esse desejo carnal que nos corrói…

Ser abraçado pelos poemas é contemplar também a vida, mesmo no sofrimento da perda, ou na esperança da chegada. Prefaciar esta obra não é um exercício de opinião, tão pouco uma critica ou analise, é um olhar brando e terno pela emoção livre e sem preconceito sobre a construção poética do sentir. A poética abraça-nos saibamos nós leitores abrir a página certa no momento certo em que ela nos deseja falar.

Parabéns Amiga e poetisa Fortunata Fialho por este fiel abraço poético de palavras, um maravilhoso livro que tantas emoções me proporcionou.

Alberto Cuddel