Estrela decadente.
Há muito, muito tempo uma estrela brilhava intensamente.
O seu brilho ofuscada muitas das que a rodeavam.
Sempre que o manto negro cobria o céu ela e as suas amigas brilhavam.
A certa altura, ninguém se lembra quando, a vaidade chegou.
Subitamente a estrela mudou e a partir desse momento
Apregoava aos céus que ninguém brilhava como ela,
Que o seu esplendor não era igualado por nenhuma outra.
Ao seu redor o brilho continuava intenso.
Na procura da supremacia absoluta maltratava todas as outras.
Magoadas, ultrajada e humilhadas uma a uma as outras afastaram-se.
O firmamento ficou cada vez mais pobre,
Sobre ele um manto negro foi-se instalando.
O brilho perdeu-se e a estrela ficou só.
Vaidosa como nunca brilhou num palco só seu,
Mas o público não aplaudia, cada vez menos se olhava o céu.
Uma única estrela a brilhar era insuficiente.
Um céu escuro não atrai atenções… escurece os corações.
Na procura de consolo procurou as suas irmãs.
Tarde de mais… nenhuma se lhe juntou.
Finalmente a solidão venceu e o brilho esmoreceu
No negro uma estrela cadente surgiu…
A estrela brilhante… essa nunca mais ninguém viu.
Fortunata Fialho