E agora a minha participação.

CIDADE MUSEU
Percorrendo as ruas tenho a sensação que caminho entre o tempo.
Entre palácios e igrejas sinto que recuei no tempo.
Espero pela passagem de carruagens ricamente engalanadas,
Escuto o galopar dos cavalos de Cavaleiros que se acercam.
Algures parece ecoar um pregão transmitindo as boas novas.
Dos palácios espero a saída de damas antigas e orgulhosos nobres.
Junto ao Palácio da Inquisição, gritos antigos de socorro soam,
Almas torturadas por um clero preconceituoso e manipulador,
Vítimas que ardem nas fogueiras da ignorância e perfídia.
Tempos de glória e beleza manchados por crimes inconfessáveis,
Vidas passadas que se misturam com o presente,
Um presente que é nosso nesta cidade que é do mundo.
Cidade tranquila que nos premeia com beleza e história.
Cidade tranquila que nos envolve num abraço apertado,
Nos aquece a alma e, nos banha em cultura e tranquilidade.
Évora, minha amada cidade, que partilho com toda a humanidade.
Tesouro incalculável guardado entre muralhas,
Cuidado com o carinho dos seus moradores.
Em cada canto o moderno é engalanado pelo passado,
Num equilíbrio encantador envolto em magia.
Évora onde os tempos parecem cruzar-se
Na doce magia da soma dos dias.


Fortunata Fialho

Caminhada. “Poesia Colorida”

escreversonhar

Chovia e mesmo assim fui caminhar.

Louca, com uma chuva destas?

Sim louca e feliz.

Que bom foi caminhar ao som dos meus passos,

Do bater da chuva na sombrinha,

Sentir o fresco da água nas minhas pernas e

Ser acariciada por uma brisa docemente molhada.

Pela ecopista, deserta, acompanharam-me os meus
pensamentos.

Meditando procurei exorcizar fantasmas,

Dificuldades e, sobretudo desilusões.

Subitamente, só restou a doce calma do caminho,

O verde da vegetação, o perfume das flores,

O chilrear de algum pássaro mais aventureiro

E… sim a chuva, a doce e acariciante chuva.

Como podem simples gotas libertar-nos de todo o stress diário?

Como podem arrastar toda a fealdade dos dias tristonhos?

Como um rio que se forma, envolvem desgostos e
contrariedades,

Arrastam-nos para longe, tão longe que não conseguem
voltar.

Sozinha… comigo própria… lavei a minha alma,

Limpei meu cérebro e curei meu coração.

Caminhei… refleti… sonhei… renasci…

Chovia…

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Mar, tranquilo mar.

Mar, tranquilo mar.

Nostálgico caminha sem rumo.

Pensativo deixa-se levar.

O barulho da cidade está cada vez mais longe.

Caminha envolto em tristes pensamentos.

Finalmente a quietude… o silêncio.

Uma gaivota soa ao longe.

Uma leve e fresca maresia acaricia o seu rosto.

Uma lágrima, salgada, sulca-lhe a face.

Seus olhos tristes, azuis como o mar, perderam o brilho.

Subitamente, seus pés pisam o areal.

Grãos finos abafam os seus passos.

Cansado repousa no Areal.

Ao longe o mar compadece-se,

Movimenta-se em suaves ondas…

Num concerto mágico acalma-lhe as mágoas.

Suavemente movimenta as conchas

Depositando-as a seus pés.

Uma criança acerca-se e, pegando num búzio, diz:

-Escuta o som do mar, é lindo e doce.

O seu sorriso, brilhante, irradia felicidade.

Ingénua, pura, ternurenta… que linda criança!

O mar salpica-lhe o corpo e uma mãozinha acaricia a sua.

No seu rosto, triste, desenha-se um sorriso…

O azul dos seus olhos adquire o brilho do mar…

A tristeza desfaz-se como a espuma das ondas…

A tranquilidade acaricia- lhe o coração…

Feliz… brinca na praia, apanha conchas,

Escuta os búzios, chapinha na água …

E… envolto em maresia… regressa feliz.

Fortunata Fialho

🌠Estrela decadente. 🌠

escreversonhar

Estrela decadente.

Há muito, muito tempo uma estrela brilhava intensamente.

O seu brilho ofuscada muitas das que a rodeavam.

Sempre que o manto negro cobria o céu ela e as suas amigas brilhavam.

A certa altura, ninguém se lembra quando, a vaidade chegou.

Subitamente a estrela mudou e a partir desse momento

Apregoava aos céus que ninguém brilhava como ela,

Que o seu esplendor não era igualado por nenhuma outra.

Ao seu redor o brilho continuava intenso.

Na procura da supremacia absoluta maltratava todas as outras.

Magoadas, ultrajada e humilhadas uma a uma as outras afastaram-se.

O firmamento ficou cada vez mais pobre,

Sobre ele um manto negro foi-se instalando.

O brilho perdeu-se e a estrela ficou só.

Vaidosa como nunca brilhou num palco só seu,

Mas o público não aplaudia, cada vez menos se olhava o céu.

Uma única estrela a brilhar era insuficiente.

Um céu escuro não atrai…

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👄Olhos Negros V 👄

escreversonhar

(…)

O caminho para o seu quarto estava repleto de peças de vestuário que, como nos contos de fadas, pareciam migalhas a marcar o caminho da paixão.

Ávidos de desejo caíram sobre a cama. Lábidos húmidos e famintos percorreram os seus corpos despertando todas as células da sua pele provocando sensações ardentes.

Nunca o seu corpo tinha deixado de ser seu, nunca o desejo tinha sido superior à razão. Ondas de um prazer indescritível propagavam-se pelo seu corpo inebriando os seus sentidos.

Os lençóis, amachucados e revoltos, acolhiam dois corpos que se agitavam num frenesim alucinante. Os orgasmos sucediam-se em explosões intensas de puro prazer, No quarto, os sons eram de êxtase, de puro delírio dos sentidos.

Finalmente, completamente exaustos, os corpos aquietaram-se sem capacidade de se separarem. Abraços apertados pareciam querer prolongar aqueles momentos. Era impossível separarem-se. As palavras eram inúteis e os lábios tocavam-se suavemente aproveitando todo o…

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😈 Olhos Negros IV 😈

escreversonhar

(…)

Passos apressados aproximaram-se e, como se acordassem de um sonho, os corpos separaram-se. Sem conseguir decidir o que fazer, baixou os olhos e lentamente começou a afastar-se em direção ao seu apartamento. Encostou-se no lado de dentro da porta na tentativa de recuperar o fôlego e despertar daquele encanto. Alguns minutos sucederam-se parecendo a própria eternidade e… ela permanecia imóvel como uma boneca desprovida de vontade própria.

Um toque de campainha despertou-a em sobressalto. Tentando recuperar da letargia em que se encontrava, ajeitou o cabelo, compôs a roupa, pousou a mala e abriu a porta. Subitamente ficou sem chão, no outro lado da porta uma voz pediu “Posso entrar”. Sem articular qualquer som, a sua voz tinha-se emudecido, afastou-se deixando a entrada livre.

Que se passava com ela? Devia estar louca, permitir a entrada a um desconhecido com todos os riscos que dai podiam advir, não parecia coisa dela…

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