Numa prateleira esquecida numa biblioteca qualquer
Um livro amarelecido pelo tempo espera.
Espera por um olhar distraído que nele tropece.
Triste, olvidado e perdido no passado sonha.
Sonha que lhe acariciam a capa, lhe despem o pó,
Lhe afaguem as folhas e lhe devoram as palavras.
Os dias passam e ele sonha.
Os anos sucedem-se e ele cada vez mais envelhecido.
Um dia… muitos anos depois… sente que lhe tocam.
Retiram-no da prateleira e sopram-lhe o pó.
Com toda a delicadeza abrem-lhe a capa.
Suavemente acariciam-lhe as folhas.
Uns olhos curiosos percorrem as suas frases,
Descobrem um mundo de sonhos,
Uma história de encantar…
Palavras de amor e paz, mensagem de esperança.
E os olhos brilham de prazer e surpresa.
Como pode um livro tão belo ser tão atual?
Como pode a sua história transmitir tal sentimento?
Imersos nas suas frases os olhos não param,
Sim pararam… na última palavra… na última letra.
O livro, esse ganhou vida nova e um lugar de honra,
Limpo, restaurado, lido e… acariciado…
Vivo de novo e com um grande futuro pela frente.
Fortunata Fialho