Melancolia.
Olho pela janela e, de repente, uma rajada de vento agita as árvores.
Algumas gotas de chuva caem, tímidas e quentes, levantando poeira.
Ao longe as árvores cobrem-se de mil tons amarelados,
O verde viçoso e brilhante esconde-se envergonhado.
As folhas entristecem e, numa tentativa vã de desespero, escurecem.
Onde outrora o verde era rei agora o amarelo outonal lidera.
O verde não se deixou derrotar e renasce em cada tronco de árvore,
Em cada pedrinha sombria e até no solo húmido.
Um viçoso musgo cobre de tons esverdeados os mais recônditos lugares.
A chuva cai cada vez com mais intensidade mas isso não importa.
O seu molhar ainda é ligeiramente quente e retemperador.
Afinal quem não gosta de caminhar à chuva,
Sentar-se num tronco de árvore e admirar as paisagens?
Sentir na pele o doce contacto da água, fresco e reconfortante?
Sentir o suave toque do musgo que se agiganta, cobrindo tudo em seu redor.
O vento acorda e fustiga o arvoredo soltando as pobres folhas cansadas.
Agora a chuva não é só água, é também chuva de folhas.
Ao longe avistam-se alguns troncos nus que se tentam cobrir de musgo.
Pudicamente, tentam esconder a sua nudez. Tarefa inglória…
É outono e os amarelos pintam as paisagens.
Numa infinidade de lindos tons cobrem tudo o que a vista pode alcançar.
O verde era mais belo? Não sei, o amarelo é deliciosamente tranquilo… encantador.
É outono, os troncos cobrem-se de musgo e o chão de folhas mortas.
Chove cada vez mais e o meu coração é inundado de melancolia…
Doce e terna melancolia que, mesmo assim, me faz feliz.
Fortunata Fialho