Nunca mais é sábado

Durante toda a semana pensei:

-Nunca mais é sábado.

Chegou o sábado e o que aconteceu? Passei o dia a limpar a casa, tratar de roupa, cozinhar,…

Descanso que era bom, nem vê-lo. Durante a semana o tempo não dá para tudo e a desarrumação acumula-se.

A empregada só trabalha com a patroa em casa, e esta está lá tão pouco tempo que não consegue fazer a criatura trabalhar.

De notar que a funcionária sou eu depois de colocar o avental e pousar a pasta do trabalho.

Enfim amanhã é domingo…

O domingo chega, elaboro materiais para a escola, durante a semana o tempo não foi suficiente para fazer tudo quanto era necessário. É altura de testes e os prazos não perdoam.

Apanho roupa, estendo roupa, cozinho, passo a ferro,…

Bolas, estou tão cansada!

O fim-de-semana foi-se e de descanso nada.

Neste momento só penso:

-Nunca mais é segunda-feira.

Fortunata Fialho

Quero…

Quero … quero tanta coisa que nem eu própria sei o que quero.

Quero voar como uma borboleta, pairar como uma sementinha, sentir o doce toque do vento.

Quero viajar no tempo, mudar o curso deste rio, reflorestar o planeta…

Quero nascer de novo, emendar meus erros ou, quem sabe, cometê-los de novo.

Quero ser eterna ou morrer num momento de grande felicidade.

Quero entrar no teu pensamento, sentir o que tu sentes e dar-te tudo o que desejas.

Quero ser o teu maior amor, a tua maior felicidade a tua razão de viver.

Quero fazer amor contigo, subirmos aos céus, perder a noção dos corpos e só sentir.

Quero beber dos teus lábios, alimentar-me do teu amor e esquecer o mundo.

Quero acordar com o riso dos nossos filhos, a sua alegria inocente e o brilho do seu olhar.

Quero que, para sempre, sejam felizes, que nunca chorem e que só tenham razões para amar.

Quero acabar com a guerra. Quero que todo o ser humano só saiba amar.

Quero transformar todo o ódio em flores e as balas em doces manjares.

Quero que dos canhões saiam salvas, das metralhadoras rosas, que as espadas só cortem espinhos…

Quero ser luz e cor, doçura e ternura, paz e amor. Viver intensamente e sonhar.

Quero ser a princesa de um conto de fadas e viver num mundo de encantar.

Quero ser ideia, ser sonho, ser criação e ser renovação. Não quero ser ilusão.

Quero ser alma, quero ser desejo, quero ser começo… quero ser fim.

Quero… a todo o instante quero… não sei bem o quê… mas quero.

Fortunata Fialho

“Simplesmente… Histórias.”

Juntos tivemos partilha, vida, sonhos, vitórias… bons tempos.

Recordo a tua pele na minha pele, o teu sexo no meu sexo …

Parece que ainda sinto a intensidade dos nossos orgasmos e o êxtase dos nossos sentidos.

Sem limites dediquei-te toda a minha vida, toda a minha essência.

Vivi para os nossos encontros, para a intensidade dos nossos sentidos.

Nos teus braços esqueci-me de mim … eu não era nada sem ti.

No meio de muitas desculpas, disseste que o nosso tempo se gastou.

Não entendo como se pode gastar o tempo, o meu não se gasta.

Partiste … eu fiquei. Contigo levas-te o nosso tempo e, pensava eu, a minha vida.

Chorei a perda, chorei o abandono, chorei o desamor … chorei o nosso tempo.

Chorei até se me acabarem as lágrimas, e mesmo assim continuei chorando.

Continuo a amar-te mas, finalmente, revivi. Gastou-se o nosso tempo, não a minha vida.

Agora vou viver, talvez encontre outro grande amor… se não encontrar não importa…

Hoje o tempo é meu, finalmente recuperei-o. A minha vida, o meu tempo, já não és tu.

Hoje vou sair e divertir-me, flirtar, rir, amar, sentir o cheiro do mundo,

Escutar os sons da natureza, desfrutar do barulho do silêncio … viver o meu tempo.

Hoje vou obter o orgasmo dos meus sentidos e o êxtase da minha vida.

Hoje vivo o meu tempo, intensa e apaixonadamente. Não tenciono gastá-lo.

Caso se gaste o tempo não vou deixar que se gaste a vida. Vou continuar a viver, a sonhar e a amar.

Vou, eternamente, ser feliz e o tempo será só meu.

Fortunata Fialho

Quem sou eu? “Simplesmente… Histórias”

Quem sou eu?

 Quem consegue responder, com rigor, a uma pergunta destas?

Não sei.

Um dia sou uma pessoa alegre, crédula, romântica, otimista e feliz. No outro triste, taciturna, desconfiada e um pouco infeliz.

Atenção não sou bipolar nem sofro de qualquer distúrbio ou perturbação mental.

Poderão dizer que sou complicada, mas quem não é?

Não somos, no fundo, o espelho daquilo que nos rodeia?

Sofro quando alguém querido sofre, riu quando se riem. A tristeza torna-me infeliz e a alegria feliz.

Não é assim para todos nós?

Só um tolo consegue ser feliz a tempo inteiro. Não sou tola, simplesmente, sou humana.

Procuro obter alegria dos pequenos e bons momentos e aproveitar as coisas boas da vida. Amar incondicionalmente quem me ama e, por vezes, aqueles que dizem não me amar. Sim porque é difícil amar quem nos odeia.

Cuidado, sou orgulhosa e não esqueço facilmente a traição e o mal que me fazem. Não me pisem os calos pois eu reajo, não com violência e discussões mas sim com o desprezo.

Solitária e incondicionalmente romântica. Sonhadora e trabalhadora.

Por vezes tenho grandes momentos de silêncio em que não me apetece falar. Não estou, forçosamente, chateada com alguém ou alguma coisa, mas sim porque estou envolta nos mais diversos pensamentos.

Adoro conhecer aquilo que me rodeia. Atenção, não me interessa a vida alheia, a minha já me dá muito em que pensar.

Leitora assumida, como diz meu esposo, devoradora de livros. Ler proporciona-me felicidade, sonhos e viagens imaginárias. Quando leio sinto-me transportada a mundos diferentes, parece que esses mundos podem ser meus, mesmo que seja nos meus sonhos. A leitura envolve-me em magia. Lendo sou criança novamente, viajo no mundo da fantasia, vivo nos contos de fadas e, sobretudo, sonho acordada.

Um bom livro preenche a alma e acalma o coração.

Esta sou eu, com todos os defeitos e as qualidades de uma pessoa comum, no entanto eu sou… eu, única e real.

Fortunata Fialho

Simplesmente…. Histórias.

Durante a minha primeira infância surgiram na minha casa dois animais. Um lindo gato e um cão.

Devem estar a perguntar-se, porquê um lindo gato e um simples cão. O facto é que do cão não tenho qualquer recordação, deveria ser um belo animal mas, não me recordo da sua aparência nem o que lhe aconteceu.

Do gato não sei o nome que lhe puseram, só sei que passou a ser “Charoco” pois era o que eu lhe chamava. Filho de gata mansa, comum europeu como se diz hoje, e de um gato bravo que vivia nos campos circundantes, grande como só ele, cabeça achatada, listado de preto e cinzento era o meu grande amigo. Eu diria mais o meu grande protetor.

Como todos os gatos de aldeia, vivia connosco mas tinha total liberdade de entrada e saída de casa. Dormir, dormia na rua que era o local indicado. E andava por onde lhe apetecesse, tinha liberdade total.

Todas as manhãs, às sete horas, miava à janela do quarto dos meus pais e não se calava enquanto não lha abrissem.

Entrava, colocava-se junto à minha cama e miava, só parava quando eu tirava a mãozinha para fora da cama. Passava o seu pelo pela minha mão. Deitava-se ao lado da cama e esperava que eu me levantasse.

Para onde eu ia ele acompanhava-me como faria um cachorro. Ninguém me podia tocar sem que os meus pais deixassem.

Tenho uma fotografia em que estou sentada no chão comendo uma tijela de romã e o meu Charoco deitado a meu lado, só se veem os quartos traseiros e a sua cauda, mas lá está o meu grande amigo.

Não tinha medo de nada, nem sequer dos cães mais ferozes. Contava a minha mãe que um dia se lançou a um cão, perito em matar gatos, e que o fez fugir com o rabo entre as pernas. Convém acrescentar que foi o cão que o atacou e não o contrário, ele só se defendeu. Não pensem que ele era um arruaceiro.

Eu cresci e ele continuava a ser o meu grande amigo.

Um dia vim viver para a cidade e o gato ficou com a minha avó e a minha tia. Os meus pais não quiseram prejudicar o animal trazendo-o para um sítio diferente e privá-lo da sua liberdade.

Sempre que voltava à aldeia lá estava ele á minha espera. Era uma alegria reencontrá-lo, acariciá-lo e brincar com ele. 

Eu cresci e ele foi envelhecendo.

A minha avó tinha alguns pombos. De repente começaram a aparecer alguns mortos e alguém começou a afirmar que era o meu gato.

Como já estava velho, com poucos dentes e mais frágil, pensaram que a dificuldade em caçar livremente o empurrou para a caça fácil de pombos presos, não que lhe faltasse alimento mas toda a gente sabe que os gatos são caçadores por natureza.

Não sei o que passou por aquelas cabeças, decidiram abater o animal.

O meu desgosto foi muito grande, tinham matado o meu gato e eu não queria acreditar.

Os pombos continuaram a aparecer mortos. Finalmente descobriu-se o verdadeiro culpado. Um seu filho, extremamente parecido com ele, era o vil caçador.

Mataram um inocente e eu perdi um grande amigo.

Ainda hoje o lembro com carinho e saudade.

Era o meu Charoco.

Fortunata Fialho

“Simplesmente… Histórias”

Queridos filhos:

Quero que saibam que não há nada na vida dos pais que supere o nascimento de um filho. O milagre de uma vida nova por nós criada (milagre que nós conseguimos duas vezes). O êxtase da criação de seres tão perfeitos.

A nossa vida passa a depender da vossa. Tudo o que fazemos, a partir desse momento, é para o vosso bem-estar físico e mental.

A vossa infância foi o sonho de todos os pais. Lembro os sorrisos, os choros, as dores, os sustos e a magia com que descobriam a vida.

Todos os pais gostariam que os filhos nunca crescessem e nós não somos a exceção. No entanto, vocês crescem, e crescem sem que o possamos impedir. E vocês cresceram.

Hoje são adultos e aquilo que mais desejo é ter-vos dado a melhor educação possível. Espero ter-lhes incutido o sentido da justiça, da integridade, do respeito e da tolerância. Espero que tenha conseguido ensinar-vos a amar e a respeitar o próximo sem olharem a credos, raças nem saldos bancários. Não se esqueçam que, por vezes, dentro de um embrulho de sonho se encontra o mais dececionante presente.

Tudo o que desejo é, que sejam autónomos, leais e humanos.

Peço que nunca deixem que vos tratem como inferiores e vos humilhem.

Nunca esqueçam: para subir não precisamos de derrubar e pisar os outros.

O respeito conquista-se com o respeito e a dignidade. Façam sempre o vosso melhor sem se preocuparem com o que os outros possam pensar. Mantenham a vossa consciência tranquila, lembrem-se que vão passar a vida com ela. Respeitem para serem respeitados.

Se um dia tiverem filhos nunca se esqueçam que, a melhor educação se baseia nos bons exemplos, os filhos não são propriedade, que devem criar pessoas integras, bem formadas, reais e autónomas. Respeitem as suas individualidades e não os tentem moldar à vossa imagem. Ensinem-lhes a ser eles próprios mas a respeitarem tudo e todos os que os rodeiem.

Espero que os ensinem, como eu tanto tentei, a não olhar de forma preconceituosa para o que os rodeia. Sejam críticos e aprendam a aproveitar as coisas boas e simples que a vida lhes vai oferecer. Ajudem-nos a perseguir os seus sonhos. Amparem-nos quando precisarem. Ajudem-nos a erguerem-se se, de alguma forma, caírem. Sejam o seu ombro amigo e, nunca mas mesmo nunca, lhes virem as costas.

Se for necessário ralhem, castiguem mas, sobre tudo tentem conversar. Se um dia tiverem que dizer algo que os magoe, não hesitem, se for para o seu bem.

Façam o vosso melhor e um dia eles compreenderão.

Queridos filhos se errei não foi por mal, a intenção foi sempre a melhor, sempre quis o vosso bem.

Procurem não repetir os meus erros e aceitem os vossos pois, certamente, os cometerão.

Desta mãe que os ama acima de tudo e que estará sempre ao vosso lado:

Assinado:

Aquela que vos ama incondicionalmente:

Mãe

Fortunata Fialho

“Simplesmente… Histórias”

Sentei-me ao computador com uma enorme vontade de escrever. Surpresa! Perdi a inspiração.

E agora? Que faço com esta vontade?

Olho em volta e nada me inspira.

 Que monotonia está tudo na mesma.

Olho pela janela e o sol brilha. Há tanto tempo que andava desaparecido. Percorro o espaço exterior com os olhos.

Vejo lindas flores nos meus canteiros, todos os dias aparecem mais algumas.

O meu quintal resplandece de cor e de alegria. Os pássaros chilreiam nas árvores. Não consigo descobrir nenhum ninho, talvez ainda seja cedo.

Vistosas joaninhas passeiam-se sobre as flores comendo o piolho das plantas. Uma borboleta esvoaça em redor da minha janela. Deve de estar a exibir o seu belo colorido, e que colorido! Recuso-me a pensar que anda a depositar os seus ovos nas minhas plantas. As lagartas vão banquetear-se e eu vou ficar muito aborrecida.

No canil as cadelinhas estão estendidas a apanhar todo o sol que podem, nem me ligam. Eu bem me esforço mas elas ignoram-me.

Tantas abelhas no meu quintal! Será que não me vão picar? Talvez deva ter cuidado e deixá-las andar à vontade.

Levanto o olhar e surge um céu tão azul que encandeia. Nenhuma nuvem o mancha.

De vez em quando, passam alguns pássaros voando e chilreando.

Contínuo sem inspiração. Não sei por onde começar. Talvez seja melhor desistir, fechar o computador e esperar por melhor ocasião.

Vou esperar pela minha inspiração. Talvez ela se digne voltar.

Se voltar posso escrever mais uma história daquelas que tanto gosto tenho em contar.

Fortunata Fialho

Saudade. “Simplesmente… Histórias”

Saudade, palavra que só o nosso povo entende, sentimento tão nosso, dor que dói sem saber onde. Quem ainda não a sentiu não consegue compreender.

Sentido de perda total, desespero por não a conseguir superar.

Hoje acordei com tantas saudades. Saudades daqueles que amo e já não tenho comigo. Saudades do tempo já vivido. Saudades de tantos bons momentos. Tantas saudades…

Como posso sentir tanta saudade?

Porque não consigo superar este sentimento?

Queria conversar com minha mãe, colocar-lhe todas as minhas incertezas e ouvir a sua opinião. Contar-lhe todas as novidades e desafiá-la na sua ideia de educação.

Somos tão diferentes mas, ao mesmo tempo, tão iguais. Ambas daríamos a própria vida pelos nossos filhos. Ambas colocamos a família à frente de tudo. Ambas amamos incondicionalmente.

Nunca mais esqueço o dia em que tinha acabado de entrar, em minha casa, e perguntou por nós. Quando soube que eu e o meu filho estávamos a tomar banho juntos disse:

“- Isto aqui já é uma democracia!”

A sua indignação foi notória, não era esse o tipo de educação que ela achava correto.

Sempre me foi mais fácil falar com o meu pai, mas esse ainda tenho comigo, com a minha mãe, devido à sua visão muito particular, era mais difícil criar um diálogo.

Por incrível que pareça, possuía um humor bastante característico com uma subtileza incrível, que não passava despercebido e nos atingia de uma forma acutilante.

Tenho tantas saudades… as lágrimas percorrem o meu rosto.

 Limpo, apressadamente, as lágrimas.

Não posso continuar assim.

Vou fingir que falo com ela. Vou ouvir as suas respostas, no meu coração, e vou sentir a sua presença.

Tenho tantas saudades tuas, minha mãe!

Tenho saudades de tanta gente…

Queria ter comigo o irmão que perdi tão precocemente e que a vida me negou de forma tão cruel. Como pôde roubar-mo? Tinha tanto para lhe ensinar, tanto para brincarmos tanto para partilharmos., nunca pude correr nem brincar com ele. Crescermos juntos e juntos, percorrermos o sinuoso caminho que é a vida.

Como teria sido tão bom ter um irmão da minha idade.

 Porque será que o tive de perder antes ainda de o poder desfrutar?

Quero o meu irmão de volta.

Quero parte da vida que não vivi.

Os dois teríamos estragado, duplamente, a reguila da mais nova com mimos. Talvez tivesse sido pior, ou não. Talvez devesse ser assim.

Preciso dos meus avós para me estragarem com mimos, para me dizerem o quanto eu sou o seu orgulho, para dizerem todos aqueles elogios que só os avós sabem dar.

Preciso de tantos entes queridos que já não estão presentes…

Quero matar saudades dos bons momentos que vivi.

Quero reviver felicidades antigas não esquecendo as atuais.

Quero tanta coisa que não posso ter…

Quero… não, queria, pois o passado nunca voltará a ser presente.

O passado será sempre passado e deixará sempre esta saudade.

Tanta saudade, no meu peito.

Tanta saudade…

Fortunata Fialho

“Simplesmente… Histórias”

Ultimamente tenho visto ódio, destruição, indiferença e maldade.

Pessoas a usarem o meu nome para manipular, segregar, inferiorizar, …

Nunca mandei olhar a cores, sexos ou contas bancárias.

Não mandei castrar, matar ou humilhar.

Em que nome abusam e violam mulheres e crianças? Em meu não de certeza.

Porque abandonam os idosos e os indefesos?

Estão a matar rápida e impiedosamente o planeta … esquecem que morrerão com ele.

Parem … amem e protejam. Respeitem e ajudem.

Obtenham orgasmos físicos e intelectuais. Vivam com prazer e no prazer.

Não esqueçam: os orgasmos são bem melhores quando partilhados.

Amem… Amem a natureza, o próximo e, sobretudo, a vós próprios.

Obtenham o máximo de prazer … proporcionem o máximo de prazer.

Todo o filho deverá surgir do amor e êxtase … foi assim que vos concebi.

Como todo o pai só quero a vossa felicidade.

Sejam felizes e façam feliz, toda a humanidade.

Não esperem que alguém comece, comecem vocês primeiro, terão sempre seguidores.

Protejam o planeta e curem as suas chagas. Protejam a vida.

Se alguém vos quiser incutir ódio, ensinar a magoar, humilhar,…

Nunca, mas mesmo nunca, acreditem que é em meu nome.

Eu sou amor, vocês são amor. Amem e sejam felizes.

Fortunata Fialho

História do R. “Simplesmente… Histórias”

Realmente… quem se lembraria de uma coisas destas, e logo a mim que gosto de frases curtas.

                Revolvo o meu vocabulário e procuro. Rio e começo a escrever. Realmente não estava à espera de um desafio deste género.

                Relembro o meu tempo de infância e os trocadilhos de palavras que fazíamos. Realmente desistir não é opção.

                Resolvi contar uma história, a história do R.

                Redonda cabeça, pernas esguias o R avança altivo e confiante. Recorda as suas andanças e segue, placidamente, o seu caminho. Raramente falha um compromisso e ama incondicionalmente todas as letras do alfabeto.

Reza para não se encontrar com o Z pois este rezingão estraga-lhe sempre o dia. Revisita o A que tanto ama, afinal foi a primeira letra que conheceu intimamente, nenhuma outra lhe voltou a despertar tanta paixão. Realmente as mães são sempre o nosso primeiro grande amor.

                Revive o seu tórrido romance com o B e pensa em como seria se tivesse dado certo. Raridades teriam sido os seus filhos, seriam as mais belas letras do alfabeto. Realmente, todos os pais sabem que os seus rebentos são os mais… tudo.

Respinga mas nunca ponhas em dúvida este facto.

                Revê o seu trabalho e enfrenta o patrão. Rabugento, este, tudo questiona e nunca parece satisfeito. Resolve não fazer caso e, confiante, termina um relatório.

                Regressa a casa e, pelo caminho rumina tudo o que de desagradável lhe aconteceu.

                Reencontra a esperança que o alimenta e sonha com o seu relacionamento duradouro e repleto de tórrido romance. Roda a chave na fechadura e, de dentro de casa, um odor inebriante envolve-o. Reduzidamente vestida, a sua esposa espera-o e, docemente beija-lhe o sorriso radiante. Realmente o L foi a melhor coisa que lhe podia ter acontecido.

                Realizado, amado e apaixonado vive uma vida de sonho.

Fortunata Fialho